sexta-feira, 27 de maio de 2016

Porto atrai empreendedorismo europeu


Quer conhecer os melhores business angels (investidores informais)? Quer ver como em 24 horas se pode desenvolver uma aplicação que pode melhorar o seu quotidiano? Então, este programa de fim de semana prolongado é para si.

A partir de hoje e até sábado à noite, o Porto vai dar mais um passo no sentido de se tornar “um laboratório vivo do empreendedorismo europeu”. Conversa fiada? Parece. Isto de querer fazer da cidade “um local onde as pessoas são inspiradas por uma nova cultura de risco e integradas num ecossistema multicultural e internacional”, deixa qualquer um desconfiado.

Mas a autarquia quer transformar a cidade “num espaço tecnológico, inovador e criativo”, capaz de atrair estrangeiros, criar emprego, desenvolvimento económico, e dar escala internacional a uma série de start ups. Isto é o projeto Scale Up Porto, que esta semana será reforçado com o congresso europeu (Scale Up Europe) promovido pela EBAN, a maior rede europeia de business angels, que juntará no edifício do Palácio da Bolsa da cidade mais de 100 empreendedores e mais de duas centenas de investidores informais e particulares (assim denominados por oposição aos investidores institucionais).

De destacar, que cerca de 80% vêm de várias cidades europeias, para partilhar experiências e mostrar exemplos de como e onde as start ups podem obter financiamento ou aceder a mercados, de modo a ganharem força e poder para que cresçam rapidamente.
“Estamos numa fase em que é fundamental os europeus unirem-se e fazerem coisas à escala europeia”, disse à VISÃO Miguel Henriques, presidente da Fnab, a federação portuguesa de associações de business angels, parceiro da EBAN e organizador do congresso. “Para vencer na dimensão, temos de saber lançar projetos globais.”

PORTUGAL CONCORRENCIAL

Daí que hoje e amanhã, empreendedores portugueses possam “falar de igual para igual com investidores estrangeiros”, aprender com outras experiências e, sobretudo, “projetar à escala europeia e não apenas ao nível de uma cidade ou país”. Nos dois dias de congresso, com várias sessões paralelas, serão discutidas as novas plataformas de crowdfunding, oportunidades de investimento na África e Médio Oriente, ou o empreendedorismo no feminino. Alguns projetos serão também apresentados aos potenciais investidores, “validando ideias e potenciais negócios”.

“A fase que estamos a viver é muito crítica. A Europa está bastante mais atrasada e não tem a dinâmica dos americanos, apesar de haver bons projetos e bons investidores”, vaticina Miguel Henriques, também ele um business angel, fundador da portuense Invicta Angels. Desde logo porque, na sua opinião, há ainda uma grande divisão dos mercados e a língua a funcionar como barreira, acentuando desvantagens face aos EUA.

Mas Miguel Henriques, que anda nisto desde 1998, considera que Portugal “já consegue ser concorrencial” relativamente aos seus congéneres europeus. “Temos empresas interessantíssimas, com ideias e tecnologia, com uma visão mais estratégica do negócio, num sistema muito mais desenvolvido e em fase de consolidação.” De tal modo, que a Fnab “tem tido vários business angels europeus a registarem-se em Portugal”, atentos ao que aqui se passa e alargando o leque de possibilidades. Estima-se que haja entre 300 a 350 business angels no país.

TRABALHAR BIG DATA EM BENEFÍCIO DA CIDADE

Também amanhã e sábado, o projeto Hackacity unirá Utreque (Holanda), Santander (Espanha) e Recife (Brasil) ao Porto numa maratona tecnológica de 24 horas non-stop. A iniciativa da empresa 7Graus, que tem por missão ajudar a melhorar a vida das pessoas, reunirá dezenas de equipas distribuídas pelas várias cidades envolvidas, em torno de um desafio: pegar em dados fornecidos pela Câmara Municipal do Porto e usá-los para desenvolver aplicações ou produtos que melhorem o quotidiano de quem usa a cidade.

Quem quiser ver como se pode usar big data ao serviço da comunidade é só ir espreitar o que se passa no Palácio das Artes. Os participantes terão ao seu dispor dados sobre mobilidade, turismo, ambiente e segurança, que serão apresentados na sessão de abertura. Depois, cada equipa – formada por programadores, designers, empresários e criativos – terá 24 horas para analisar esses dados e apresentar algo que contribua para o bem-estar da vida na cidade. O desafio é que cada um, mesmo os que estão na Holanda, em Espanha ou no Brasil, pense como um cidadão do Porto e arranje soluções para problemas detetados através da informação obtida.

E estes são duas das coisas mais visíveis a acontecer, que contribuirão certamente para que o Porto forme o tal “ecossistema” amigo do empreendedorismo e do investimento, que a ligarão a outros Scale Ups e que permitirão que algumas start ups chamem a atenção de investidores e ganhem escala internacional.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

LETS, a oportunidade dos jovens serem empreendedores sociais

O Laboratório de Empreendedorismo para a Transformação Social – LETS – é o novo programa de empreendedorismo social, dirigido aos jovens da autarquia de Famalicão, em parceria com a associação YUPI.

Chama-se LETS e quer pôr os mais jovens a pensar e a discutir o empreendedorismo social. Ainda que pareça um conceito distante, o foco está “em educar” e encontrar soluções inovadoras para “problemas sociais como o desemprego ou a desmotivação dos jovens”, explica a autarquia em nota de imprensa. Como? Em cinco sessões temáticas, com uma carga horária total prevista de 15 horas, a decorrer ao longo do mês de Junho, no Gabinete de Apoio ao Empreendedor, em Famalicão.

A iniciativa parte da Câmara Municipal, através do Famalicão Made In, uma plataforma de desenvolvimento económico do concelho, e da associação YUPI (Youth Union of People with Initiative). O LETS está também inserido no projecto internacional E3 – Entrepreneurship Education for Employment, co-financiado pela Comissão Europeia. 

A primeira sessão, agendada para 9 de Junho, vai contar com a presença profissionais internacionais que trabalham para obter soluções inovadoras para os problemas sociais mais prementes das comunidades. Renato Sara (Perú), Rose Chequ (China), Milisen Gutierrez (Honduras) e Eduardo Pereira (Brasil) são alguns dos convidados. As restantes sessões vão ser orientadas por profissionais, com o objectivo de “dotar os participantes de competências e instrumentos que lhes permitirão colocar em prática novos projectos”, avança a autarquia. Num processo que se pretende que culmine com os participantes a serem capazes de propor um negócio que promova a transformação social. 

Os projectos seleccionados vão ser premiados com serviços de acompanhamento e consultoria do Famalicão Made In durante seis meses, com uma participação gratuita num bootcamp e com o acesso a três bolsas “Erasmus para Jovens Empreendedores”, com duração de dois a seis meses. As ideias seleccionadas vão ainda participar no concurso internacional YESSS (Youth Entrepreneurship Solutions for Sustainable Society), promovido no âmbito do E3. As inscrições estão abertas e são limitadas a 20 participantes.

 

sábado, 21 de maio de 2016

Vila Real aposta no empreendedorismo agro-alimentar

O parque de ciência e tecnologia Regia Douro Park foi inaugurado esta sexta-feira, numa cerimónia que contou com a presença do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.

Duas semanas depois da abertura do Túnel do Marão, o interior-norte continua a lutar para corrigir as assimetrias regionais. É neste contexto que surge o Regia Douro Park para “dar vida e fazer rentabilizar os investimentos feitos em infra-estruturas da região”, de que é exemplo, precisamente, o túnel. É esta a opinião do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, expressa na cerimónia de inauguração do Parque de Ciência e Tecnologia de Vila Real, que decorreu nesta sexta-feira. Um complexo que quer dar vida a projectos nas áreas da agricultura, da enologia, da viticultura, da economia verde, da valorização ambiental e das tecnologias agro-ambientais.

O Regia Douro Park funciona como uma “alavanca do conhecimento”, constituída por uma incubadora de empresas, um centro de negócios, lotes industriais e por um pólo de investigação, o Centro de Excelência da Vinha e do Vinho (CEVV). Estruturas que pretendem “transformar conhecimento em valor” ao prestarem apoio técnico e na área da gestão a empresas, empreendedores e investigadores nacionais e estrangeiros. O parque empresarial e industrial, que está direccionado para a instalação de empresas agro-alimentares e na área da vinha, tem um total de cerca de 10 hectares, dividido em 26 lotes, quatro dos quais já foram comercializados.

Um projecto que resulta de um “sonho” da autarquia de Vila Real e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e que conta com o apoio Portuspark, uma entidade de capitais privados que gere uma rede de incubadoras na região norte. Foram precisos 9,5 milhões de euros para a obra, dos quais 85% do total investido foi coberto pelos fundos do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).

Para Manuel Caldeira Cabral, o “desenvolvimento das regiões faz-se pelas empresas, com os empresários, com a valorização dos produtos locais”. A pensar nisso, surge a parceria com a UTAD, num reconhecimento de que é necessária uma adequação da oferta formativa das universidades à realidade empresarial do meio em que se inserem, para que, num futuro próximo, “haja investigação aplicada, haja transferência de conhecimento, haja transferência de tecnologia entre o mundo académico e o mundo empresarial ”, salienta o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos. A partir da definição das prioridades de um determinado sector, a UTAD vai colocar os seus investigadores “a fazer investigação de acordo com a procura dos interesses das empresas, e não como no passado em que os interesses eram meramente internos”, assegura António Fontainhas Fernandes, reitor da Universidade.

Em funcionamento há cerca de um ano, o parque tem uma taxa de ocupação a rondar os 80% e 30 empresas instaladas que dão trabalho a cerca de 100 pessoas. Um parque que, para o responsável pela pasta da Economia, se “insere muito na política do ministério: valorização da inovação, do conhecimento, mas também valorização da diferenciação regional e da riqueza que Portugal tem aí, quer a nível dos produtos, quer a nível da oferta turística”. Sendo o turismo um factor com influência no desenvolvimento regional, Caldeira Cabral frisa a importância de criar novos destinos turísticos, por um "Portugal mais amplo".

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Semana Start & Scale potencia o Porto como centro de inovação e empreendedorismo

De 20 a 28 de maio, o Porto promove a Semana Start & Scale, com iniciativas dirigidas aos mais variados públicos, que prometem reforçar a cidade como centro de inovação, empreendedorismo e emprego, à escala nacional e internacional.

Esta semana surge como uma iniciativa da estratégia ScaleUp Porto e materializa os primeiros passos na concretização do Manifesto apresentado oficialmente em abril. Os eventos e atividades pretendem envolver não só scaleups, as empresas com elevado potencial de crescimento, mas também vários intervenientes do ecossistema empreendedor como grandes empresas, indústria, investidores nacionais e internacionais, entidades de ensino e os cidadãos.

Reuniões entre startups e indústria com vista à exploração de oportunidades bilaterais, apoio à procura de talento, de emprego e de criação de novas empresas, captação de interesse de investidores nacionais e internacionais, exploração do potencial de redes internacionais de apoio ao crescimento empresarial, desenvolvimento de soluções que melhorem a vida na cidade, animação de rua e celebração, farão parte de uma agenda que abarcará as diversas fases do processo de desenvolvimento de um negócio.

O maior evento da semana - o ScaleUp For Europe, Congresso Anual da Rede Europeia de Business Angels - acontece de 25 a 27 de maio no Palácio da Bolsa, Palácio das Artes e Hard Club, e coloca o Porto na rota de potenciais investidores internacionais. Este evento atrairá business angels e fundos de capital de risco e representa o ponto de partida para a criação de uma rede ScaleUp Europeia. Formação para startups e investidores, conferências temáticas sobre o crescimento das empresas e o papel do investimento neste processo, parcerias público-privadas, crowdfunding, entre outras, são algumas das atividades e temas desenvolvidos no ScaleUp For Europe.

A semana termina com o regresso do Hackacity, a maratona de programação, organizada pela 7Graus e pela Câmara do Porto. Tendo a cidade como laboratório, convida os participantes a desenvolver aplicações que tenham impacto na vida da cidade, usando big data. A edição deste ano tem uma novidade especial: acontece simultaneamente em várias cidades do mundo, como Santander, Utecht, Amersfoort, Olinda e Recife, que responderam positivamente ao desafio lançado pela cidade do Porto para se associarem ao movimento.

Paralelamente a estes eventos, a Rua da Flores transforma-se durante toda a semana, numa verdadeira celebração do tema, com animação e atividades que envolverão a comunidade e os que por lá passam. Labirintos de elásticos, jogos de perspicácia e até o tradicional "jogo da macaca" são algumas das atividades redesenhadas que se centrarão nos "7 Passos para o Sucesso", convidando os participantes a abordar algumas das questões vividas pelas empresas que se encontram em fase de crescimento.

Com o ScaleUp Porto, a cidade formaliza um compromisso para se tornar um catalisador na criação de um ecossistema sustentável de empreendedorismo e inovação, como parte de uma estratégia alargada e coordenada que se poderá refletir por toda a Europa.

+Info: www.scaleupporto.pt

segunda-feira, 16 de maio de 2016

O seu projeto é viável? Pergunte à Viable

Um português e dois espanhóis querem um ecossistema empreendedor mais eficiente. Puseram mãos à obra e criaram a Viable. Esta segunda-feira, a empresa lança o protótipo do primeiro produto.

Os destinos de Jaime Parodi Bardón, de 35 anos, e de Manuel Azevedo Coutinho, de 30, cruzaram-se em Portugal. Mais concretamente num curso de empreendedorismo do Lisbon MBA, em 2015. Antes disso, o empreendedor espanhol, formado em engenharia informática, já tinha trabalhado em várias empresas e cofundado outras duas. Mas viajou para Portugal na mesma. Queria “adquirir novas ferramentas”.

Durante o mestrado em administração de empresas (criado em parceria pela Universidade Católica Portuguesa e pela Universidade Nova), Jaime Bardón estagiou na Gleam, uma empresa de comércio eletrónico. Foi aí que deparou com um problema que lhe viria a trocar as voltas: a quantidade de projetos que era preciso avaliar consumia demasiado tempo e recursos à empresa.

Na empresa em que o Jaime trabalhava recebiam muitos projetos, que tinham de ser avaliados. Era difícil alocar recursos para a avaliação das ideias que apareciam”, explica Manuel Coutinho, que, à data, não sabia que acabaria a criar uma empresa com Jaime Bardón. “Surgiu-lhe então a ideia de fazer uma plataforma que selecionasse mais automaticamente” projetos e ideias na área do empreendedorismo, acrescenta.

A semente já lá estava, o resto estava para vir. Jaime Bardón convidou Manuel Coutinho, colega no MBA, para fazer parte do projeto e a Viable começou a ganhar forma. “Não queria estar envolvido neste mundo apenas como criador de conteúdos ou como criativo. Queria criar algo por mim mesmo”, explica o português, que, quando regressou de Londres — onde estudara Design de Comunicação — já tinha trabalhado na área e fundado a Tone Toys, que diz ser “a primeira e única empresa portuguesa de pedais de efeitos para guitarras”.

A Jaime Bardón e a Manuel Coutinho, juntou-se José Alonso. Esta segunda-feira lançam o primeiro protótipo: o Viable Report, “uma ferramenta virtual que permite aos empreendedores verificarem a viabilidade das ideias e, numa fase secundária, encontrarem ligações a outros stakeholders, que ajudarão a levar essas ideias para o mercado”, como explicam os responsáveis na rede digital F6S.
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Os três fundadores da Viable: Jaime Parodi Bardón (à esquerda), Manuel Azevedo Coutinho (ao centro) e José Alonso (à direita)
Incubada na Fábrica de Startups, a Viable nasce para poupar tempo às incubadoras, aceleradoras e competidoras que procuram projetos interessantes.

O Viable Report é um ponto de ligação entre empreendedores e programas de incubação, aceleração e competição. Destina-se a qualquer empreendedor que queira entrar num destes programas. Por outro lado, também damos oportunidade às incubadoras e aceleradoras de fazerem scouting [prospeção] de ideias”, resume Manuel Coutinho.

Como funciona? A ferramenta avalia projetos e ideias de empreendedores de forma automatizada, a partir de tecnologia de analytics. Os critérios de análise podem ser definidos pelas incubadoras ou aceleradoras (numa segunda fase, a ideia é alargar a ferramenta a investidores e stakeholders). Selecionados os critérios, a ferramenta avalia a informação dada por cada empreendedor, produzindo um relatório com um parecer sobre a viabilidade dos projetos.
O parecer será um de três: aprovação, rejeição ou recomendação de revisão. No último caso, a plataforma ajuda os empreendedores com “aconselhamento adequado” – para que a ideia se aproxime mais do que os avaliadores procuram. Além disso, os responsáveis querem estar ligados a várias entidades do ecossistema português, para circular informação que possa revelar-se útil. “Uma ideia que não resulte na Startup Lisboa pode ainda assim ser interessante para a Beta-i”, explica Manuel Coutinho, a título de exemplo.

Por um ecossistema empreendedor “mais eficiente”

A Viable partiu da vontade de beneficiar dois grandes polos do ecossistema, segundo os responsáveis: o polo dos empreendedores, que ganham um acesso mais facilitado a quem pode apoiar os seus projetos; e o das entidades que têm de avaliá-los, que poderão poupar tempo e recursos num processo de análise que passa a estar automatizado.

A ideia é que ninguém perca oportunidades: nem os empreendedores de verem o seu projeto apoiado, nem os avaliadores de verem um projeto interessante escapar-se-lhes, por falta de tempo para o avaliar. “Queremos que o ecossistema esteja mais ligado, que consiga partilhar mais informação entre si, para que nenhuma ideia perca a oportunidade de se materializar”, diz Manuel Coutinho.

Achamos que esta é uma forma mais eficiente de avaliar novos projetos e novas ideias do que a que existe hoje. Achamos que o processo pode e deve ser automatizado, permitindo as pessoas se foquem antes nas componentes mais estratégicas [do seu negócio]. O objetivo é aumentar a eficiência do ecossistema no seu conjunto”, acrescenta ainda.

Quanto ao futuro, os responsáveis — que terminaram agora o Beta-Start, um programa de pré-aceleração para empreendedores da Beta-i [uma aceleradora nacional] — afirmam estar concentrados na fase de ultimação do produto, para mais tarde se dedicarem a “procurar investimento, para o poder escalar”.

Por ora, estão a fazer contactos com eventuais parceiros, como a Beta-i e a incubadora Startup Lisboa, por exemplo. E Jaime Parodi Bardón — que diz que está neste projeto a full-time, ainda que mantenha outras empresas em Espanha — diz mesmo que tem havido “um bom feedback por parte de algumas incubadoras” com que têm contactado. A ambição, essa, “é de chegar ao mercado internacional”.


Aprender a ser empresário 

De norte a sul do país há uma vaga de crianças e jovens que estão a ser chamados para o empreendedorismo. São mais de 300 mil os que já contactaram com as metodologias que ensinam a criar negócios e a trabalhar por conta própria

Chama-se Pão Alão, inspirado na lenda de um cão que se chamava Alão e que terá dado origem ao nome Alenquer, e tem plano de negócios. O milho vai ser semeado, colhido, moído e o processo de fabrico está a ser desenhado em parceria com agricultores, moleiros e padarias.

O financiamento do projeto baseia-se na venda de pequenos moinhos feitos a partir de materiais reciclados... a colegas, professores, pais e escolas do agrupamento. Falta explicar, pois, que este é um projeto que está a ser desenvolvido por alunos dos 2.º e 3.º anos da Escola Básica de Santana da Carnota, no concelho de Alenquer.

As receitas da venda dos moinhos servirão para comprar farinha, que será depois transformada em pão em três padarias locais. O dito pão, de milho e trigo, terá a forma de um cão (o da lenda do Alão), com passas e pepitas de chocolate. Será vendido em supermercados da comunidade e aos pais dos alunos e as receitas já têm destino. Uma parte será doada a uma instituição de solidariedade, outra servirá para comprar jogos para os tempos livres na escola e outra ainda para guardar (poupar).

Foram estas as sugestões dos pequenos empresários que estão a desenvolver o projeto, orientados pela professora Cláudia Miranda, que tem o sonho de ver o Pão Alão à venda.

Este é um dos cerca de 60 projetos, de um total de 600 alunos, que serão apresentados entre 17 e 22 de maio na Feira de Empreendedorismo Jovem de Alenquer. “O empreendedorismo é estratégico no município”, afirma Paulo Franco, vereador da Câmara Municipal de Alenquer. Só no 1.º ciclo há quatro agrupamentos no concelho, com cerca de 160 alunos, a trabalhar o empreendedorismo este ano (e mais 430 do 6.º ao 12.º anos), através de uma parceria com a Associação Industrial Portuguesa (AIP). Através dos Ateliers Empreender Criança, no ensino básico, e da Academia Empreender Jovem, no ensino secundário (incluindo técnico-profissional), a AIP tem sido uma das mais ativas promotoras na introdução ao empreendedorismo nas escolas. “No ensino básico é comum aparecerem ideias que assentam muito em produtos endógenos da região onde os alunos vivem (compotas, ervas aromáticas, bolachas caseiras, frutos secos), mas no ensino secundário são concebidos projetos muito interessantes ligados à reciclagem, produtos biológicos, novas tecnologias e tendências de moda”, descreve José Eduardo Carvalho, presidente da AIP.

Os projetos arrancam com uma sessão com os professores que desenvolvem as atividades em ambiente de sala de aula. “Nesta sessão, os docentes ficam a conhecer a metodologia que devem seguir para a concretização com sucesso dos objetivos do projeto, bem como os instrumentos associados às atividades, que incluem, entre outros, manuais, jogos, storytellings, quizz e recursos DIY (Do It Yourself)”, explica José Eduardo Carvalho. A grande mais-valia, acrescenta, é que, uma vez adotados os instrumentos numa escola, esta fica “apta, nos anos seguintes, a voltar a implementar as atividades praticamente de forma autónoma”. De resto, “são projetos que reúnem uma elevada capacidade de adaptação ao sistema educativo e podem ser complementados por outros a que as escolas possam já ter aderido”, adianta.

Este ano, por exemplo, os Ateliers Empreender Criança e a Academia Empreender Jovem decorrem associados à iniciativa Portugal Sou Eu, sob o lema “Gerar ideias a pensar português”, em 76 escolas, predominantemente das regiões Norte e Centro do país. Recorde-se que o programa Portugal Sou Eu, lançado em 2012 pelo governo, tem o objetivo de melhorar a competitividade das empresas portuguesas, promover o equilíbrio da balança comercial, combater o desemprego e contribuir para o crescimento sustentado da economia. Até ao momento, estão qualificados com o Selo Portugal Sou

Eu mais de 3500 produtos, que, no seu conjunto, representam um volume de negócios agregado superior a 3,1 mil milhões de euros. Nas escolas, o propósito é explicar e transmitir a toda a comunidade escolar, mas em especial aos cerca de três mil alunos envolvidos, conceitos de incorporação nacional que resultem na elaboração de projetos empreendedores.

“O impacto mais determinante tem a ver com o facto de se estar a trabalhar com um público que representa a geração do amanhã e que se encontra numa fase determinante da sua formação enquanto pessoa. Considera-se que a introdução, nesta fase, de novos conceitos e metodologias de trabalho e, por outro lado, a promoção de competências pessoais e técnicas de empreendedorismo irão contribuir para o crescimento destes alunos e para uma maior preparação para os desafios que uma sociedade cada vez mais competitiva e em constante mutação lhes irá apresentar”, remata o presidente da AIP.

O que mudou em 10 anos
De acordo com informação cedida à EXAME pelo Ministério da Educação, foi a partir de 2006 que se passou a imprimir “uma particular atenção ao desenvolvimento de iniciativas integradoras e sistémicas junto das escolas, através da promoção do Projeto Nacional de Educação para o Empreendedorismo - PNEE (integrado no projeto educativo das escolas que a ele aderiram entre 2006 e 2009)”. Objetivos? “Fomentar a apropriação social do espírito e da cultura empreendedora, promover a educação para o empreendedorismo desde os primeiros anos de escolaridade, contribuir para a criação de ambientes de aprendizagem motivadores, gratificantes e exigentes em contextos formais e não formais.”

Na altura, recorda Francisco Banha, CEO da GesEntrepreneur, uma das primeiras entidades dedicadas à educação e formação em empreendedorismo em Portugal, “estávamos perante um ambiente macroeconómico que se caracterizava pela necessidade de trabalhadores qualificados, pelo que a educação visava basicamente a preparação dos jovens tendo em vista o desempenho de funções por conta de outrem”.

Mais tarde, “a emergência da crise financeira mundial e o seu impacto brutal no modelo organizacional em que assenta a economia ocidental, que levou à destruição massiva de postos de trabalho, fez com que, infelizmente, o termo ‘empreendedorismo’ passasse a ser demasiadas vezes utilizado com uma conotação negativa e associada a uma receita milagrosa para os ‘males’ do desemprego através da criação do próprio negócio”, sublinha.

A missão da GesEntrepreneur tem sido, assim, “incutir nas crianças e jovens uma cultura empreendedora assente no desenvolvimento de competências que certamente os irão preparar para serem cidadãos ativos e socialmente integrados e participativos”. Como? Através da capacitação de recursos (com apoio e formação aos professores), aulas de empreendedorismo, desenvolvimento de projetos e concursos de ideias.

As crianças do 1.º ciclo que participam no programa, com conteúdos pedagógicos adequados ao seu nível escolar, apresentam os resultados do seu trabalho “à comunidade através de um momento particularmente entusiasmante, a que damos o nome de Feira Empreendedora do Gaspar”, conta Francisco Banha. O Gaspar é um personagem que “assume a representação física do empreendedorismo e através do qual damos forma e animação a um conceito complexo e inibidor para os alunos”, explica.

Este ano letivo, a GesEntrepreneur tem desenvolvido o seu projeto em mais de 200 agrupamentos de escolas a nível nacional, abrangendo cerca de 500 professores e 16 mil alunos. Nos concursos de ideias “prevemos ter mais de 750 ideias por todo o país, sendo que algumas delas (principalmente no ensino profissional) acabam por ter, a exemplo de anos anteriores, algumas probabilidades de serem implementadas. A título de curiosidade, refira-se que na primeira edição do Shark Thank português já tivemos dois projetos, oriundos dos Projetos Escolas Empreendedoras de Viseu Dão Lafões e dos Açores, alvo de financiamento por parte dos investidores”.

Não se nasce empreendedor
Acreditar que podem ser o que quiserem quando crescerem é uma vantagem de trabalhar o empreendedorismo, defende Erica Nascimento, CEO da Junior Achievement (JA) Portugal. “Os programas da JA dão-lhes razão, formando-os com as ferramentas necessárias para fazerem a diferença num futuro próximo.” A empresa atua em Portugal desde 2005 – nos Estados Unidos desde 1919, é a maior e a mais antiga organização mundial educativa sem fins lucrativos que promove o empreendedorismo – e oferece programas desde o ensino básico ao universitário, para alunos dos 6 aos 30 anos.

“Acreditamos que não se nasce empreendedor, aprende-se a sê-lo”, afirma a responsável. O objetivo dos programas da JA é desenvolver nos alunos competências de resolução de problemas, criatividade, iniciativa, trabalho em equipa, organização, cidadania, responsabilidade pessoal, capacidade digital e visão de como funcionam as organizações. “Através do princípio de learning by doing, os alunos erram, repetem, falham de novo, e assim aprendem. Interagem com as comunidades à volta das escolas e colocam as suas ideias em prática”, descreve Erica Nascimento. “Os professores dizem que o relacionamento entre os alunos melhora, que mostram mais interesse pela escola e são mais responsáveis pelos projetos em que se envolvem.”

Para a JA, os primeiros anos escolares são cruciais para o percurso académico dos alunos. É nesta fase que mais têm “vontade de descobrir, explorar e experimentar”. É no início de cada ano, no segundo período letivo, que arrancam os programas do ensino básico da Junior Achievement Portugal, onde desenvolvem competências como a gestão do tempo, o gosto pelo risco, responsabilidade, cidadania, ética e trabalho em equipa. “Competências que, independentemente do percurso profissional futuro destes alunos, serão características diferenciadoras no mercado de trabalho”, sublinha Erica Nascimento.

No programa A Empresa, por exemplo, os alunos desenvolvem ao longo de um ano letivo uma ideia de negócio, com o apoio de voluntários e professores, passando pelas várias etapas da criação de um negócio – desde o brainstorming inicial para a criação de uma ideia inovadora ao estudo de mercado, plano de negócio, às vendas e, por fim, a liquidação. As miniempresas são ainda sujeitas a vários momentos de avaliação ao longo do ano letivo. Em abril, “organizamos sete Feiras Ilimitadas Regionais (Lisboa, Coimbra, Porto, Vila Real, Cascais, Évora e Faro), que são a primeira oportunidade que os alunos têm para expor as suas ideias e receber feedback do público. Ali são apuradas as 25 equipas que vão à final. Em maio realiza-se a competição nacional, onde estão presentes as melhores 25 miniempresas criadas durante o ano em todo o país – a vencedora representa Portugal numa competição europeia do mesmo programa, promovida pela JA Europe, este ano em Lucerna, na Suíça”, descreve a responsável.

No programa Braço Direito, Um Dia no Teu Futuro, os alunos têm contacto com a realidade empresarial de uma empresa associada, passando um dia de trabalho com um voluntário, que o introduz e apresenta à realidade da sua organização e das suas funções. A primeira edição realizou-se durante a Semana Global do Empreendedorismo, em novembro de 2015, e a segunda em março deste ano. No total das duas edições, cerca de 500 alunos passaram o dia com 500 voluntários nas suas organizações.

“Uma das características da nossa organização é aproximar dois mundos tipicamente afastados: o das empresas e o da educação, fazer a ponte entre a teoria e a prática, entre o sector público e o privado”, afirma Erica Nascimento. “Prova de que as organizações e a educação não comunicam de forma eficiente é o facto de milhões de jovens terem um grau universitário na Europa e 39% das empresas terem dificuldade em encontrar as pessoas com as competências certas que procuram.”

Este ano, em parceria com o Laboratório de Investimento Social, a JA desenvolveu um estudo para medir o impacto e as transformações sentidas pelos alunos que fizeram um ou mais programas nos últimos 10 anos. “Os alunos dizem que desenvolvem competências como a criatividade, a capacidade de ultrapassar obstáculos, de lidar com a incerteza, de definir novas estratégias, de avaliar o potencial de uma ideia, de criação de um negócio, de falar em público, de trabalho em equipa ou a abertura para sair da zona de conforto. E dois terços dos jovens dizem colocar em prática conhecimentos adquiridos com a JA todos os dias”, refere Erica Nascimento. “Seguimos orientações da Comissão Europeia, que recomenda, por exemplo, que todas as crianças e jovens tenham, pelo menos, três experiências de educação para o empreendedorismo ao longo do seu percurso académico.”

Manual para mudar o mundo
Da Europa vem também o reconhecimento por um projeto português, em Campo Maior. O manual Ter ideias para mudar o mundo, direcionado para um público dos 3 aos 12 anos de idade (há já um segundo direcionado a jovens com mais de 12 anos), foi reconhecido como uma boa prática pela Comissão Europeia e um modelo a replicar pelas escolas na Europa. Foi também considerado um dos 20 projetos mais inspiradores pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

O manual é um projeto que se baseia na metodologia educativa desenvolvida no Centro Educativo Alice Nabeiro, da Coração Delta, associação de solidariedade social do Grupo Nabeiro. O centro educativo de Campo Maior é promotor da metodologia de treino de competências empreendedoras para crianças dos 3 aos 12 anos, aberta a outras entidades públicas e privadas. De acordo com as informações cedidas à EXAME pelo Grupo Nabeiro, estão em curso várias formações no país, com destaque para a região do Vale do Ave.

No município de Vila Nova de Famalicão, por exemplo, já há projetos em curso. E na região de Beja, com suporte do Politécnico de Beja, a formação de professores também está numa “fase avançada. Noutras regiões do território temos exemplos de escolas que continuam a implementar a estratégia após a formação inicial, como é o caso do Norte Alentejano, Alentejo Central, Ribatejo e ainda Beira Interior.

Destacamos ainda a participação do Centro Educativo Alice Nabeiro no projeto ERASMUS+ (novo programa da União Europeia para a educação, formação, juventude e desporto para o período de 2014‑2020), que representa Portugal ao lado de Itália, Espanha, Bulgária e Polónia.
Outro projeto mais recente é o The Inventors, que nasceu no final de 2015 com foco na tecnologia, com o “objetivo de inspirar miúdos e graúdos para o mundo da criação”, afirma Manuel Câmara, responsável pela iniciativa. “Queremos inspirar o maior número de pessoas a criar, sejam novos produtos, software ou até mesmo um robô para entreter o animal de estimação em casa. Desmistificamos a tecnologia e mostramos o quão acessível e divertido é o caminho”, explica.

O The Inventors parte da premissa de que as ferramentas tecnológicas hoje disponíveis permitem a qualquer pessoa dar vida às suas ideias, e é nesse caminho que procura motivar os seus jovens alunos. “Qualquer um é capaz de se aventurar e seguir no mesmo caminho de Steve Jobs, Bill Gates e Elon Musks no mundo. Basta desmistificar as ferramentas e tecnologias e criar a motivação para se aventurar – e é isso que fazemos com o nosso programa escolar”, acredita Manuel Câmara. “As nossas aulas, workshops e kits exploram programação, eletrónica, design e animação”, mas também “respondem a uma necessidade de desmistificar a tecnologia e motivar os alunos a explorarem competências nas áreas CTEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), para as quais se estima que em 2020 faltarão em Portugal cerca de 100 mil profissionais”, sublinha o responsável.

O The Inventors está já a promover aulas extracurriculares em 11 escolas na região de Lisboa e promete lançar em breve kits educativos com base nessas experiências. “Alguns dos nossos kits e workshops irão estar presentes no LoureShopping, de março a junho, e no Gaia Shopping, a partir de agosto.”

O programa escolar The Inventors pretende promover o empreendedorismo em três frentes: desenvolver as competências CTEM necessárias para a concretização de ideias de novos produtos ou serviços, estimular nos alunos autoconfiança e uma atitude destemida perante os desafios e despertar a paixão pela criação e desenvolvimento de projetos. “Desenvolvendo projetos de eletrónica, programação e robótica, introduzimos os nossos alunos no mundo da prototipagem rápida e do desenvolvimento de produto. Confirmamos que este estímulo surte efeito quando vemos que eles chegam a casa e refazem as criações desenvolvidas em aulas (hacking). Este é o primeiro passo para o desenvolvimento de algo novo. E esta é a base para se entrar na ‘nova revolução industrial’”, acredita Manuel Câmara.

Prémio para jovens engenheiros
Para promover o gosto pelo empreendedorismo, sobretudo nas áreas da engenharia e da ciência, em jovens estudantes, a COTEC Portugal lançou o Prémio Portugal, País de Excelência em Engenharia, destinado a alunos e professores do 3.º ciclo do ensino básico (7.º, 8.º e 9.º anos de escolaridade). “É ponto assente que o empreendedorismo se aprende, se desenvolve”, afirma o presidente da COTEC. Para Francisco Lacerda, “quanto mais cedo se apreender e fizer parte integrante da formação de um jovem, mais esse jovem contribuirá de forma decisiva para o processo de criação de uma economia dinâmica e competitiva”.

O prémio da COTEC, cujo concurso está a decorrer, pede aos alunos que identifiquem uma dificuldade real e que, através de conceitos de engenharia, ciência ou computação, desenvolvam um protótipo que responda ao problema detetado. “Acima de tudo, pretendemos que os estudantes portugueses ganhem, desde idades mais jovens, o gosto pelas ciências e engenharia. Que convivam mais com conceitos tecnológicos, muito mais fáceis de assimilar e apreender em idades precoces, para que o nosso país desfrute do contexto ideal ao florescimento de profissionais de futuro ligados a áreas científicas”, adianta Francisco Lacerda. Porque quem não semeia não colhe.

NÚMEROS

4000
alunos, 184 professores, 34 escolas do ensino básico (1.º e 2.º ciclos) e 33 do ensino secundário estão envolvidos no projeto Youth Start - Entrepreneurial Challenges, o maior projeto europeu em educação em empreendedorismo construído em colaboração com os Ministérios da Educação e autoridades públicas de Portugal, Áustria, Eslovénia e Luxemburgo. O projeto tem a duração de três anos (de janeiro de 2015 a dezembro de 2017)

180
é o número de agentes educativos (e 2800 alunos) a que o manual Ter ideias para mudar o mundo, do Centro Educativo Alice Nabeiro (Grupo Delta), chegou em oito anos
200
é o número de alunos com idades entre os 8 e os 16 anos, em 11 escolas da Região da Grande Lisboa, que o recém- -lançado projeto The Inventors já conquistou, com base em eletrónica, programação e robótica
12.000
euros é o valor do primeiro prémio Portugal, País de Excelência em Engenharia (o segundo lugar recebe seis mil euros e o terceiro dois mil), promovido pela COTEC Portugal. O concurso está aberto a todas as escolas do 3.º ciclo do ensino básico e pretende promover o gosto pela engenharia e ciência nos jovens

 

domingo, 15 de maio de 2016

Dois anos de Village Underground Lisboa. “Sempre fomos os underdogs das startups”

 

As indústrias criativas sempre foram "os underdogs das startups", diz Mariana Duarte Silva, que há dois anos lançou o Village Underground Lisboa, onde hoje trabalham 35 empreendedores.

As indústrias criativas “ao contrários de outras indústrias, como as digitais e de apps, não têm business angels nem investidores”. São uma área “mais arriscada e menos atrativa, sempre fomos os underdogs das startups“, resume Mariana Duarte Silva, fundadora do Village Underground Lisboa, o espaço de coworking destinado às indústrias criativas que este sábado celebra o seu segundo ano de existência, com um programa de aniversário que inclui concertos (dos portugueses Ganso e Mesa), DJ sets, exposições e peças de teatro breves, entre outros eventos.

Foi também para combater essas dificuldades que Mariana Duarte Silva regressou a Portugal em 2009, vinda do Reino Unido. Chegou com um intuito: inspirada pelo Village Underground de Londres, criar um espaço semelhante em Lisboa. “Decidi que queria fazer isto na minha cidade e o sócio fundador de Londres, o Tom [Croxfot], foi louco o suficiente para dizer” que sim, recorda.
Os autocarros e contentores servem de escritórios a 35 empreendedores, neste momento

O Village Underground Lisboa (VUL) nasceria cinco anos mais tarde, em 2014. Passados dois anos, o espaço de coworking, situado em Alcântara, tem já 14 contentores marítimos e dois autocarros da Carris, que foram reaproveitados e que servem hoje de escritório a 35 empreendedores, que ali desenvolvem 19 projetos diferentes. Mas o início foi tudo menos fácil, recorda a responsável.

Em 2009, quando voltei, Lisboa estava muito fechada, em crise profunda. Ninguém queria ouvir falar de mim, dos contentores, dos autocarros ou do empreendedorismo. Tive muita dificuldade em fazer o plano [de negócio], em arranjar o espaço e os parceiros. Felizmente não desisti: havia qualquer coisa dentro de mim que me dizia que isto um dia podia resultar”, lembra a fundadora do VUL.

Um projeto que se fez com 250 mil euros (mas não só)

Um dos sinais de que o projeto se podia materializar chegou em 2012, quando a Câmara Municipal de Lisboa “decidiu abraçar o projeto” e assinar um protocolo de colaboração, ajudando na parte das “licenças, burocracias e promoção”. A Carris, depois de lhe ter fornecido três autocarros “para começar o projeto, lembrou-se do espaço” que se encontrava desaproveitado no Museu da Carris, em Alcântara, e que a empresa queria “rentabilizar”. Com isto e com 250 mil euros de investimento inicial — metade feito por Mariana Duarte Silva e pelo seu sócio inglês, a outra metade em linha de crédito concedida pelo Montepio em condições “mais vantajosas”, fruto da sua passagem pela Startup Lisboa —, o projeto veria a luz do dia.

O meu objetivo sempre foi que isto não fosse apenas uma área de trabalho, mas também um espaço de eventos, que é o que também existe em Londres. Temos tido a sorte de experimentar muita coisa aqui. Uns conceitos resultam melhor do que outros, mas continuamos a ser um espaço de experimentação”, explica Mariana Duarte Silva.

Os custos, contudo, não se resumem a esse investimento inicial. O Village Underground Lisboa “é uma estrutura com custos fixos mensais muito pesados”, explica a responsável. Há a renda a pagar mensalmente a Carris, pelo aluguer do espaço. Há “os custos de internet e de eletricidade, que são elevados”. E existem ainda despesas relacionadas com “seguros”, que também são onerosas, diz. Para suprir os custos, o Village Underground Lisboa tem três áreas de faturação: a renda do aluguer dos espaços de trabalho, que custa “150 euros por mês, com tudo incluído”, e que os responsáveis querem manter “baixa”; os eventos que ali são produzidos e os espaços que as marcas alugam para eventos seus; e a cafetaria local.

As fontes de receita, contudo, não chegam para avançar com um projeto que a fundadora do Village Underground Lisboa quer pôr em prática: o de fazer obras num armazém ali localizado, para que esta possa servir como “sala de espetáculos indoor, que era o que nos faltava. Para apresentações de marcas, para festas, exposições e eventos de teatro e cinema”, diz. Para tal, Mariana Duarte Silva vai tentar fazer mais um crédito no Montepio, “no valor de 60 mil euros”.

Projetos incubados: de uma produtora de teatro aos organizadores do Boom Festival

Entre os 19 projetos incubados no Village Underground Lisboa estão, por exemplo, a produtora de teatro Buzico (que ali organiza sessões de teatro breve, que decorrem nos contentores do VUL), o Contentor 13, um programa da RTP2 ali “inspirado, criado e produzido” e a Good Mood, “que organiza o Boom Festival”, em Idanha-a-Nova, e que ali se encontra incubada há sete meses.

Os espaços do Village Underground Lisboa são ainda utilizados por pessoas singulares e para os mais variados fins, como explica a responsável: “O Bruno Miguel está aqui a fazer um doutoramento em música, a Ana Cunha faz branding para grandes marcas, o Manuel Marçal organiza percursos alternativos de fado, a Filipa Barbosa trabalha em comunicação de ciência — com workshops onde explica ciência a miúdos, pais e professores — e a Magda [Gradil] é medica e trabalha aqui como pintora”, relata, a título de exemplo.

Há uma coisa, contudo, que une os 19 projetos: a sua ligação à área das indústrias criativas. “Por cá já passaram à volta de 50 profissionais”, explica Mariana Duarte Silva. Todos com projetos dessas áreas, sendo que a exceção terá sido quando ali estiveram “duas advogadas a trabalhar na área das questões jurídicas para startups”, que entretanto já se mudaram, até porque “a rotatividade é muito grande”, explica a fundadora do VUL, que acrescenta ainda que o espaço de coworking costuma ter uma taxa de ocupação que ronda os 70%.

Ao longo destes dois anos, o que mais mudou no Village Underground Lisboa foi mesmo o espaço em que este se insere. “Tem sido melhorado sempre e estou sempre a tentar melhorá-lo. Mas também em programação estamos sempre a tentar evoluir no tipo de eventos que fazemos, nos mercados que organizamos, nos artistas que convidamos, nas exposições, em tudo. Tem havido uma evolução gradual”, relata. Hoje, Mariana Duarte Silva diz que, nestes dois anos de Village Underground, “não faria nada de diferente”. Mas garante que “há ainda muito por fazer”, particularmente na sua relação do VUL com a comunidade de Alcântara e com a Carris.

Infelizmente, a Carris não valoriza tanto quanto podia valorizar a existência deste projeto num espaço seu. Não potencializa a nossa relação, mas também sei que tem de partir de mim a iniciativa de organizar mais eventos que os envolvam e que envolvam as pessoas que aqui trabalham. Houve muita resistência da parte mais antiga [da Carris]” quando ali se instalaram, admite.

E se em maio se dá a festa de segundo aniversário do Village Underground Lisboa, o futuro próxima não se esgota aí. Afinal, para junho, estão já agendados dois eventos: um evento patrocinado pela marca de skates Element, dias 4 e 5 junho, onde serão dadas “aulas a crianças” e onde skaters da marca mostrarão os seus dotes, e o “Alcântara toca discos”, um evento que durará também dois dias, 18 e 19 de junho, que foi organizado “em colaboração com a junta de freguesia de Alcântara” e que terá no seu programa concertos (um deles na capela de Santo Amaro) e uma feira de discos de vinil, organizada com o DJ e radialista da Antena 3 Rui Miguel Abreu.

Sobre os objetivos de futuro “a ideia é continuar a trabalhar este espaço, a ter residentes das mais diferentes áreas e continuar a evolução”, explica a responsável.

sábado, 14 de maio de 2016

Think Conference quer pôr empreendedores a pensar

Evento realiza-se em Leiria nos dias 18 e 19 de Junho 

Chama-seThink Conference e ambiciona ser o maior evento de marketing adigital já realizado em Portugal. Organizado pela Get Digital, terá lugar em Leiria nos dias 18 e 19 de Junho, no Teatro José Lúcio da Silva.

O evento de marketing digital acontecerá em Leiria e foi pensado para um público transversal que pretende aprender a empreender e a conhecer como se faz e o que se faz no mundo digital dos negócios.

Entre os inscritos, há directores de empresas, directores de marketing, directores e administradores gerais de firmas e há também curiosos. “Temos participantes que vêm de organizações como a NOS, a Freemantle Media, Farfetch e de outras empresas grandes. Quem quiser aprender o que se anda a fazer no mundo empresarial digital e qual a importância do digital e do empreendimento neste meio não pode perder a Think Conference.

Queremos colocar as pessoas a pensar no empreendedorismo – daí o nome Think [Pensar]”, esclarece Paulo Faustino que, em conjunto com Regina Santana, organiza este evento, através da empresa Get Digital, de Leiria.

A conferência tem como objectivo juntar os melhores empreendedores e especialistas nacionais nas áreas do Empreendedorismo Digital, Marketing Digital, Social Media e empreendedores de sucesso, responsáveis de startups avaliadas em milhões de euros, youtubers e profissionais do meio digital.

A organização espera casa cheia, ao longo dos mais de dois dias de evento, ou seja, um pouco mais de 700 conferencistas. O painel de oradores, assegura Regina Santana, conta com “os melhores que poderíamos ter em Portugal. Há representantes da Google, Chic-by-Choice, Uniplaces, Farfetch, Fixeads, La Redoute, Paypal, Uber, inCentea, Zomato, InvoiceXpress,  E-Goi, Up to Start, Odisseias, entre outras… Teremos os melhores exemplos demarketingfeito em ambiente digital.” Tim Vieira, conhecido do público pela sua participação no Shark Tank, também estará presente para abordar o empreendedorismo e o investimento em Portugal e foi o primeiro a aceitar o convite.

“Nunca vi todos estes oradores juntos numa conferência e é uma óptima oportunidade de aprender com estas pessoas e aprender o que elas andam a fazer no digital, a sua importância: como  conseguir dinheiro para uma startup e a importância dos investimentos”, sublinha Paulo Faustino.

O evento de empreendedorismo e marketing digital era uma ideia que há já algum tempo habitava as cabeças de Paulo Faustino e Regina Santana. Os responsáveis pela Get Digital conta com uma vasta experiência de organização de conferências no Brasil, nomeadamente o Afiliados Brasil, maior evento de “afiliados” daquele país. Contudo, o conceito aplicado em terras de Vera Cruz pareceu-lhes que não seria exequível do lado de cá do Atlântico, devido à falta de “massa crítica” e de gente a trabalhar na área mais técnica da identidade e redes sociais.

“Daí surgiu a ideia de uma conferência mais ligada ao empreendedorismo, às startupse negócios digitais. O desafio de tentar organizar um evento desta natureza em Leiria”, recorda Paulo Faustino, foi lançado e “choveram elogios” por a empresa estar a arriscar a organização do evento fora de Lisboa. A Microsoft vai estar presente para apoiar até 100 startups com o programa Microsoft Biz Spark, através do qual a empresa norte-americana faz um investimento ao nível do software, consultoria e apoios diversos até 120 mil dólares. Além disso, patrocinadores como a WebHS vão oferecer domínios e alojamentos de site, criando soluções para o início de um negócio de sucesso, no seguimento da Think Conference.

Negócios online: a revolução presente
“Costuma fazer-se passar a ideia de que Portugal é muito em preendedor e que as pessoas são muito activas, mas a verdade é que o País tem as taxas de empreendedorismo mais baixas da Europa. Quando a crise nos atacou mais a sério, começaram a abrir novos negócios.

A ausência de alternativas, falta de emprego e baixos salários levaram a isso. Mas era bom que as pessoas começassem a fazê-lo sem estarem num beco sem saída, aproveitando as oportunidades de negócio”, afirma Paulo Faustino.

Nos últimos anos, os meios digitais, para promoção de produto, de empresas, para compra e venda e mesmo análise de mercadoria, tornaram-se omnipresentes. Mas ainda haverá quem, no mundo dos negócios, acredita que o mundo digital dos negócios é uma brincadeira para curiosos apenas? Paulo Faustino é peremptório: “as pessoas ainda não perceberam a mudança que se deu com o aparecimento dos telefones inteligentes.

Em apenas quatro ou cinco anos, as coisas alteraram-se radicalmente. Hoje, temos um computador na palma da mão e fazemos quase tudo. Há ainda muita gente que não acordou para esta realidade e quem não tiver uma boa presença no digital está a perder negócios para a concorrência.
Já não se pode esperar que as pessoas passem na rua e entrem na nossa loja, temos de levar a loja às pessoas.”

Programa Think
Conference 


O programas da Think Conference começa ainda na sexta-feira, dia 17 de Junho, no Hotel Tryp, em Leiria, com um beberete de recepção e boas-vindas que, espera a organização, servirá como primeiro momento de troca de ideias e de contactos.
No sábado, dia 18, as palestras no Teatro José Lúcio da Silva ocupam o dia todo. Cada uma deverá durar 45 minutos, havendo espaço para perguntas.  Ao encerrar do primeiro dia da conferência haverá uma festa no Mercado de Sant’Ana, que servirá como prolongamento do evento e que permitirá aos participantes trocar contactos e conhecer melhor as ideias de negócio uns dos outros, patrocinadores, palestrantes.

Os restaurantes e bares da cidade vão estar presentes a servir refeições. “Queremos que seja uma extensão do evento que permita mais tempo de conversa e de negócios”, revela Paulo Faustino, da organização. No domingo, haverá novamente palestras. “Queremos acentuar a tónica do networking [criação de redes de contactos e troca de ideias] no evento.

Queremos que as pessoas se conheçam, que façam negócios, que estabeleçam contactos, que conheçam ideias interessantes”, adianta Regina Santana, também da organização.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Instituto de Desenvolvimento Empresarial da Madeira leva 'Empreender 2020' a Lisboa

 
A convite da representação permanente da União Europeia em Portugal, o presidente do Instituto de Desenvolvimento Empresarial da Madeira, Jorge Faria, participou, nesta semana e a propósito das celebrações do dia da Europa, na 'Bolsa do Empreendedorismo' 2016, dinamizada em Lisboa.
Neste evento, que contou com a participação de várias entidades, entre as quais se destacam a do Comissário Europeu da Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas e a do Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, houve lugar para o anúncio e entrega dos dois prémios do Concurso 'Elevator Pitch' – Ideias que Marcam.

Integrada no módulo 'Capitalizar', relativo ao tema 'Portugal 2020', a intervenção do presidente do Instituto de Desenvolvimento Empresarial da Madeira centrou-se no apoio ao empreendedorismo e promoção do espírito empresarial, numa ocasião em que estiveram em evidência os apoios públicos ao empreendedorismo na Região, com especial enfoque no Sistema de Incentivos EMPREENDER 2020. Workshop temático que contou com a participação da Agência para o Desenvolvimento e Coesão, PO-Centro 2020 e da Instituição Financeira de Desenvolvimento (Banco de Fomento).

Recorde-se que, até ao momento, já deram entrada neste Instituto e no que concerne ao Sistema de Incentivos EMPREENDER 2020, 15 candidaturas, das quais 7 se encontram aprovadas.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Póvoa de Lanhoso realiza Final Municipal das Escolas Empreendedoras IN.AVE 

É já nesta quarta-feira, dia 11 de maio, que se realiza a Final Municipal da Póvoa de Lanhoso relativa ao do Ensino Secundário e Profissional, no âmbito da 3ª edição das Escolas Empreendedoras IN.AVE.

A final municipal começa pelas 14h30, no Cine Fórum dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso. Como resultado das sessões de empreendedorismo nas escolas, onde cada professor desenvolveu com os seus alunos novos projetos, serão apresentados publicamente  cerca de uma dezena de ideias que irão disputar o 1º, 2º e 3º lugares. As propostas serão avaliadas por um júri, sendo que o vencedor irá representar o nosso concelho na Final Intermunicipal do Ensino Secundário e Profissional, que terá lugar no dia 2 de junho, em Fafe.

As expetativas são elevadas. De lembrar que o Led Cube foi a ideia vencedora em 2015, tratando-se de um cubo feito de LED’s que mudam de cor, consoante uma programação previamente realizada e que pode ser adaptada a vários contextos, sendo o principal contexto a restauração, para a monitorização do tempo de espera de cada mesa. Em segundo lugar, ficou a ideia Free Star e, em terceiro, a ideia Raspadinha Maria da Fonte. Foram ainda entregues duas Menções Honrosas aos projetos Inside Light e Baralho Turístico.

Seguir-se-ão outros momentos no âmbito da 3ª edição das Escolas Empreendedoras IN.AVE; a Expo Empresas Júnior, onde o município da Póvoa de Lanhoso será representado por cinco turmas e 99 alunos do 3º ciclo, isto no dia 28 de maio, nos Paços do Concelho de Vieira do Minho; e a Feira do Empreendedorismo Júnior, que terá lugar no dia 4 de junho, no parque verde municipal de Mondim de Basto e em que o município da Póvoa de Lanhoso será representado por duas turmas e 45 alunos do 2º ciclo.

Motivar os jovens para as práticas empreendedoras; promover o espírito de iniciativa e o dinamismo nos concelhos envolvidos; desenvolver projetos/ideias que possam ser uma mais-valia para a Região do Ave; criar ideias de negócio inovadoras e exequíveis e que tenham em conta as necessidades do território são os objetivos da iniciativa “Empreendedorismo nas Escolas” promovida pela Comunidade Intermunicipal do Ave, de que faz parte a Póvoa de Lanhoso.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Candidaturas para 460 milhões para capital de risco e Business Angels avançam dentro de dias

O ministro da Economia, Caldeira Cabral, anunciou que serão lançados esta semana os avisos para as linhas de financiamento de capital de risco e Business Angels para empresas e investidores.
"Hoje anunciei aqui que os avisos para os fundos de capital de risco e para os fundos de Business Angels [apoiam negócios] serão lançados nesta semana e vão permitir um financiamento de mais de 400 milhões de euros a estas novas empresas portuguesas que tanto estão a fazer para mudar o nosso tecido empresarial", disse Caldeira Cabral, no Dia da Europa, e no âmbito da quarta edição da Bolsa do Empreendedorismo, promovida pela Comissão Europeia em Portugal.

Tal como já tinha avançado em entrevista ao Negócios em Fevereiro deste ano, o ministro da Economia explicou que as linhas de capital de risco atingem os 400 milhões de euros e que as linhas de Business Angels [apoiam negócios] poderão chegar aos 60 milhões de euros. "No total, pode chegar até 460 milhões de euros financiamento", reforçou.

Caldeira Cabral disse ainda que estas linhas servirão para "financiar as empresas com entrada de capital" e "financiar com novas regras abertas a investidores estrangeiros", que "salientam mais a importância das empresas que chegaram ao mercado".

Aquando da entrevista ao Negócios, o governante explicou que, no caso das linhas de apoio ao capital de risco, a escolha dos projectos vai ser feita com a ajuda de "investidores que conhecem os projectos, que os avaliam e que têm a capacidade de prever qual a maior probabilidade de sucesso". Depois, se estes investidores "estiverem dispostos a meter o seu próprio capital, o fundo de capital risco acompanha-os, permitindo alavancar a sua capacidade de investimento".

"Queremos revitalizar o capital de risco. Já não há lançamento de novas linhas de fundos de capital de risco há alguns anos. O número de projectos que tem acesso a estes fundos tem vindo a diminuir", disse na altura.
No início de Março foi apresentado o Startup Portugal, a estratégia nacional de apoio ao empreendedorismo. Faz parte dessa estratégia, um fundo de co-investimento (matching fund, na expressão inglesa) para "business angels" e um fundo de co-investimento (matching fund) para capitais de risco. Neste último caso, o objectivo será, sobretudo, atrair fundos internacionais com conhecimento especializado nas áreas de investimento. Os principais critérios para os fundos poderem beneficiar deste co-investimento estarão mesmo relacionados com o sector em que pretendem actuar e com o "track record", ou seja o histórico de investimentos nessa área. 

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Lisboa vai lançar a “Boaboa” para financiar ideias


Capital vai criar plataforma de crowdfunding dirigida a empreendedores e munícipes que queiram desenvolver projetos para a cidade.

A Câmara de Lisboa vai lançar, juntamente com outros parceiros, uma plataforma de crowdfunding dirigida aos empreendedores que querem testar produtos ou serviços e aos munícipes que têm ideias para os seus bairros, foi anunciado nesta terça-feira.

Intitulada “Boaboa”, a plataforma de campanhas de angariação de fundos visa “dar resposta dentro do próprio ecossistema da cidade de Lisboa a todos os empreendedores” que querem avaliar a adesão do mercado, mas, “acima de tudo, vem desafiar as pessoas a desenvolverem projecto para a cidade”, segundo o vice-presidente do município, Duarte Cordeiro (PS).

O autarca revelou que este instrumento surgiu “na perspectiva que a Câmara Municipal tem de criar uma linha de produção para apoiar o nascimento de mais conceitos, de mais ideias e de mais empresas”.

Na sua óptica, a ferramenta também se encaixa “nos mecanismos de participação da Câmara, como o Orçamento Participativo e o BIP/ZIP”, este último destinado a criar projectos para o Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária.

Isto porque, de acordo com Duarte Cordeiro, o projecto poderá estar interligado com outros instrumentos de participação do município: “Estes são espaços em que as pessoas fazem candidaturas para melhorar uma zona da cidade ou para desenvolver um projecto em particular para o seu bairro e ocrowdfunding também se encaixa aí”.

“Estamos convencidos de que vai ter muita procura”, sustentou.

A plataforma “Boaboa”, que será lançada na sexta-feira nos Paços do Concelho, é desenvolvida pela Startup Lisboa, em parceria com a Câmara, a PPL Crowdfunding Portugal, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Montepio.

Ainda assim, “não é toda a gente que quer ter um projecto de crowdfundingque consegue”, alertou Duarte Cordeiro, explicando que, para haver campanhas de angariação de fundos, terá de haver uma análise prévia.

Acresce que “os projectos têm de ter um mínimo de viabilidade”, de forma a não criar problemas de expectativas de produção e sobre o amadurecimento da ideia, apontou.

Duarte Cordeiro avançou que a autarquia está ainda à procura de “espaços comerciais físicos” para os empreendedores testarem as suas ideias.

Já garantida é a reconversão do edifício da Manutenção Militar, uma antiga fábrica do Exército localizada junto ao rio, no Beato, que irá acolher incubadoras de empresas e residências para empreendedores de todo o mundo.

Sobre esta questão, o vice-presidente do município afirmou que o objectivo é “dar resposta à procura que a cidade tem tido para novos espaços de incubação”, na área tecnológica e criativa, pelo que a Câmara está a “desenhar um programa para o espaço” que inclua também restauração.

Duarte Cordeiro falava aos jornalistas nos Paços do Concelho, onde apresentou o relatório final das actividades desenvolvidas em 2015, ano em que Lisboa foi Capital Europeia do Empreendedorismo.

Nesse documento, feito pela autarquia e que será remetido ao Comité das Regiões, explica-se que houve uma “visão política para transformar Lisboa numa das cidades mais competitividades, inovadoras e criativas da Europa”, razão pela qual foram adoptadas práticas de trabalho em rede, de abertura ao investimento e, ainda, de atracção de empresas capazes de gerar emprego.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Semana de Empreendedorismo de Lisboa. Mais de 40 eventos gratuitos até 8 de maio


Arranca esta segunda-feira a Semana de Empreendedorismo de Lisboa. Até 8 de maio, há conferências, workshops, mesas redondas. São mas de 40 eventos em cerca de 20 sítios espalhados pela cidade.
Arranca esta segunda-feira a Semana do Empreendedorismo de Lisboa. Até 8 de maio, há mais de 40 eventos com entrada gratuita, como conferências, workshops, encontros, mesas redondas, entre outros. A iniciativa organizada pela Câmara Municipal de Lisboa vai na quinta edição.
Com o objetivo de “mostrar a energia empreendedora de Lisboa”, a iniciativa conta com mais de 70 parceiros e estima ter mais de 3.500 pessoas nos eventos que vão decorrer em mais de 20 locais e espaços espalhados pela cidade.
A iniciativa conta com a participação de oito incubadoras, instituições financeiras com programas nas áreas do empreendedorismo, seis Universidades, três programas de aceleração sete espaços de coworking, entre outros. Serão mais de 200 sessões para ajudar empreendedores, empresários e fundadores de startups a encontrarem-se.
A Conferência Internacional “Local Government Supporting Entrepreneurship”, organizada em parceria com a Comissão Europeia e o Comité das Regiões, é o destaque do primeiro dia e conta com a presença do presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
O “Shark Tank à portuguesa” ocorre na quarta-feira e na sexta-feira é apresentada a plataforma de crowdfunding BOABOA!, onde serão divulgadas as campanhas de um projeto musical, de outro de empreendedorismo sustentável, de um projeto de de inovação social, entre outros.
A BOABOA! tem como parceiros fundadores a Câmara Municipal de Lisboa, a Fundação Calouste Gulbenkian, o Montepio Geral, a Startupp Lisboa, e a Vieira d’Almeida e Associados.
Também na quarta-feira, decorre o Startup Meetup Lisboa, onde mais de 50 startups e empreendedores vão ter a oportunidade de realizar reuniões rápidas com 15 empresas e investidores (PT/MEO, NOS, Vodafone, Portugal Ventures, Faber Ventures, EDP Inovação, Carris, Metro, Transtejo, Deloitte, GALP, WeDo Technologies, SONAE.IM/ Bright Pixel, Invest Lisboa).

Iniciativas criativas em Lisboa


Inúmeros espaços da capital vão receber a quinta Semana do Empreendedorismo de Lisboa, a partir de hoje.

Opens Days, conferências, talks, masterclasses, pitchs, meetups, reuniões 1-to-1, workshops e mesas redondas são algumas das propostas que a quinta Semana do Empreendedorismo de Lisboa tem para oferecer. Entre hoje e o próximo dia 8 de maio, aproveite alguns dos 40 eventos de entrada gratuita, que se realizam em mais de vinte espaços da capital.
Com organização da Câmara Municipal de Lisboa, a iniciativa conta com mais de 70 parceiros, fortemente empenhados em mostrar por que razão Lisboa já é considerada uma das mais importantes Startup Cities da Europa.
A iniciativa vai contar com a participação de oito incubadoras, importantes investidores, instituições financeiras com programas nas áreas do empreendedorismo, seis Universidades, três aceleradores, sete espaços de coworking, e alguns dos mais importantes Espaços Criativos de Lisboa, todos envolvidos em múltiplas iniciativas e disponíveis para prestar informações e aconselhamento.
Vai ainda haver cerca de 200 sessões de matchmaking entre grandes empresas/investidores e startups/empreendedores.

DESTAQUES

O destaque do primeiro dia vai para a Conferência Internacional “Local Government Supporting Entrepreneurship”, que contará com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e que é organizada em parceria com a Comissão Europeia e o Comité das Regiões e terá início às 14h00 no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz.
No dia 4 de maio realiza-se a 3ª edição do Tubarões e Peixe Miúdo nos Paços do Concelho, um “Shark Tank” à portuguesa, que para além dos habituais pitchs, terá no local uma mostra de projetos já lançados e apoiados pelo programa vencedor europeu do prémio Europeu EEPA – Lisboa Empreende.
No dia 6 de Maio a partir das 10h00 nos Paços do Concelho será apresentada publicamente a primeira plataforma de crowdfunding de base territorial de uma Capital Europeia - uma plataforma de Lisboa para Lisboa. Chama-se BOABOA! Nesta sessão serão igualmente divulgadas as primeiras campanhas da plataforma, entre as quais um projeto musical (teremos um atuação de 20 jovens da “Orquestra Geração”), um projeto de empreendedorismo sustentável, e um projeto de inovação social, entre outros.
No mesmo dia, terá lugar o maior evento meetup da semana: o STARTUP MEETUP LISBOA, com mais de 50 startups e empreendedores a terem a oportunidade de realizarem reuniões rápidas “1 para 1” com 15 grandes empresas e investidores (PT/MEO, NOS, Vodafone, Portugal Ventures, Faber Ventures, EDP Inovação, Carris, Metro, Transtejo, Deloitte, GALP, WeDo Technologies, SONAE.IM/ Bright Pixel, Invest Lisboa). A cada 15 minutos a campainha soa de modo a que todos possam participar nas várias reuniões de negócios.